sábado, 26 de abril de 2008

Pensando e Repensando




A FRAGMENTAÇÃO DA IGREJA EVANGÉLICA
Pastor Neucir Valentim

Quem não percebeu que a Igreja Evangélica no Brasil está em crise, não se dá conta do que está acontecendo a sua volta.

Em primeiro lugar, estamos em crise de conteúdo Doutrinário – isto é, o ensino está completamente cheio de “heresias” e a cada dia chega uma nova, que invariavelmente chega a mente de irmãos, sejam novos ou veteranos, e o pior, muitos sentem que a igreja a qual estão filiados não prega “essas heresias”, dando a impressão que a igreja local é que não está aberta a novas visões.

Em segundo lugar, o número de “igrejas” cresceu assustadoramente. Quem vai de Niterói a Alcântara, não consegue mais contar nos dedos o número de igrejas. Cada qual com um estilo diferente, às vezes numa mesma rua, igreja lado ao lado da outra.
Tenho ouvido as seguintes expressões, não só aqui, mas ouvidas por colegas de várias denominações: pastor, eu amo a nossa igreja, mas abriu uma pertinho da minha casa, e vou ficar por lá.
Ocorre que essa que é pertinho, muitas vezes está a quilômetros de diferença do que sempre pregamos. Com esse tipo de êxodo, todas as igrejas estão sendo afetadas, fincando com o número reduzido, a rigor a maioria dessas igrejas tem de trinta a cinqüenta membros.
Em terceiro lugar, os tele-evangelistas estão criando uma sensação de igrejas virtuais. Quantas vezes já ouvimos: Não deu para vir a igreja, mas não perdi o culto e estou em comunhão com Deus, pois assisto regularmente o fulano de tal na TV.
Embora o fulano de tal não conheça você ou você a ele, se torna o seu referencial, posto que o mesmo é perfeito aos seus olhos, pois você não o conhece na intimidade, é apenas um modelo virtual e pastoreio, diferente do pastor local, do qual você tem que ouvir coisas boas e ruins: Esses não, estão sempre falando coisas agradáveis aos seus ouvidos, e quando não gosta ou muda de canal ou desliga a TV.

Em terceiro lugar, as mega-igrejas e mega-eventos causam em muitos uma síndrome de pequenez, de reducionismo! Olha lá o que eles estão fazendo, eles têm quatro mil membros, aquilo é que é igreja, tem grupos especiais, dão show e nós não fazemos nada disso! Ora, quem não sabe que numa igreja de mais de mil pessoas, e estou tomando por baixo, ninguém sabe quem você é, e você também não sabe quem é quem, a não ser os que se apresentam no palco do show do dia.... mas conhece apenas o nome e nada mais.
Dentro desse contexto, é comum o conhecimento de que em muitos grandes eventos, a orquestra, o coral, as apresentações são feitas sem que seu membros sejam crentes, alguns são grandes músicos pagos para abrilhantar o espetáculo, quem diz isso não sou eu, mas as grandes revistas evangélicas que circulam no mercado.

Em quarto lugar, surge o conteúdo do testemunho. Não se preocupam se os que freqüentam essas igrejas vivem o evangelho diário, são apenas Gospel, que fora dali, vivem uma vida completamente distanciada da pureza exigida pela Palavra. E nós sentimos muitas vezes, que eles estão com tudo, até que se descubra que há nos líderes, dólares na bíblia, na cueca, etc. quando viajam para o exterior... mas não importa, o que vale é o show, e como diz o ditado, o show não pode acabar.

Em quinto lugar é a síndrome que muitos têm que a grama do vizinho é melhor, isto é, que o culto é melhor, que o pregador é melhor, que a estrutura é melhor, que o pastor é melhor, e por aí vai, até que você tenha notícia de que por trás do que vê, existem as mesmas complicações naturais de uma igreja, todavia em escala maior.
Em sexto lugar, hoje tudo é relativo. O que o pastor prega o que se ensina na Escola Dominical, os ensinamentos do passado... Não é bem assim, dizem os espertos de plantão, sem nenhuma raiz com a igreja que vive e com sua doutrina estabelecida a luz da palavra de Deus.
Por último, temos hoje uma geração de associados nas igrejas, ou membros que somam mais um dígito no número nas grandes igrejas, tudo isso, menos ovelhas que são fiéis ao Sumo Pastor e , que na verdade não são pastoreadas por nenhum pastor físico, aliás, todos querem ficar na virtualidade!

Que Deus tenha misericórdia de seu povo!