quinta-feira, 18 de junho de 2009

Conflito de gerações


CONFLITO DE GERAÇÕES

Pastor Neucir Valentim

"Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los." Mt 23:4

Ao longo de minha vida tenho observado algumas coisas que me chamam a atenção. Entre elas está a briga de gerações. Ela está presente todo dia e em todo o lugar, mas na igreja se evidencia de maneira mais peculiar.
Dias desses dei-me contas de como somos diferentes. Usei como teste um som emitido pelo computador que somente ouve quem tem menos de 24 anos , e que em contrapartida, os mais velhos, nos quais me incluo, não ouvem.
Coloquei o tal som para tocar... Confesso que não ouvi absolutamente nada. Pensei que fosse mais uma mentira da Internet, mas quando chamei minhas duas filhas para onde eu estava fazendo o meu teste com som, elas me disseram quase que juntas: "Pai, pelo amor de Deus, abaixe esse som terrível do computador"; como tinham outros adolescentes na sala todos ouviram, menos eu.
De fato, o som criado para espantar multidões de adolescentes, para mim não fazia nenhuma diferença, devido à natureza de decibéis do meu tímpano em contraste com o tímpano com os de idade mais jovem.
O que pude perceber é que em virtude das nossas idades, o funcionamento e a reação do nosso corpo, através de seus sentidos, mudam a cada geração ou à medida que uma geração se afasta da outra.
Se não levarmos isso em consideração, numa comunidade como a igreja, que deve pertencer a todos, teremos sérias dificuldades de vivermos juntos, em outras palavras, precisamos entender que o outro nem sempre tem a mesma percepção de mundo como a nossa...
Quando eu penso em som, penso também em outras coisas típicas da juventude e que, porque já passamos por ela, esquecemos.
Lamento quando um adolescente não entende que para os nossos ouvidos, os sons que esbravejam, através de instrumentos musicais e microfones, agridem a nossa audição, ainda que eu saiba que seu tímpano, em fase de desenvolvimento peça mais som, e aí, coitado dos ouvidos dos mais velhos e da queixa dos passantes. E a lei está justamente aí para ajustar o som em 75 decibéis, no máximo, para resguardar os nossos ouvidos.
Por outro lado, fico triste com os mais velhos que não suportam as atividades dos adolescentes, saem dos cultos aborrecidos, sem nenhum tipo de piedade ou compreensão, falando um monte de palavras duras.
Se por um lado os adolescentes ainda não desenvolveram a maturidade da audição, sinto que muitos "mais velhos" não desenvolveram a maturidade da compreensão. Isto porque, vejo homens e mulheres que fizeram muita bobagem na sua juventude, agora esquecem completamente como viveram, foram barulhentos, e pior ainda, quando muitos, nem pertenciam a Cristo, usaram seus membros para perdição, agora, sem nenhuma compaixão com aqueles que estão dedicando a sua juventude a Cristo, e que deviam louvar ao Senhor porque estão vivendo uma vida diferente da de muitos outros jovens perdidos no mundo, e que, porque são mais velhos, reclamam por uma bobagem que façam, e esquecem que Deus perdoou caminhões de erros de suas vidas quando jovens.
O que proponho é que haja bom senso em nossa "guerra" de gerações. Um armistício, um desarmamento, pois caso contrário não poderemos dizer que vivemos no mesmo corpo, a Igreja.
Dessa forma, solicito aos mais velhos que por um momento lembrem-se das bobagens que fizeram na sua juventude e agradeça a Deus pelos problemas que a juventude, cheia de vivacidade produz, sem colocar sobre os mais novos um jugo que alguns sequer puderam suportar quando a viveram. Ao mesmo tempo, solicito carinhosamente aos adolescentes, jovens e afins, que entendam que os nossos ouvidos são mais sensíveis, e que o que para eles pode ser bom, para nós é uma agressão auditiva digna de qualquer bom senso. E que também atrapalha o nosso culto e o nosso bem estar.
Igreja não é lugar de uma categoria apenas, mas de várias, tanto de classes sociais, como também de grupos de gerações diferentes, enquanto não entendermos isso, estaremos colocando sobre o outro um jugo insuportável, que quando estamos em outra realidade, jamais suportaríamos.
Pensem nisso com amor.


Choro de raiva ou de pena?



CHORO DE RAIVA OU DE PENA?
Pastor Neucir Valentim
Estou triste,

Acordei triste hoje, e ando meio desiludido com o que vejo. Primeiro a decepção com os arraiais evangélicos, e com a própria Instituição Evangélica, que abriu mão de valores básicos e está negociando outros valores, como status, fama, poder e dinheiro.

Segundo, porque vejo na maioria das pessoas da fé, uma profunda falta de raiz com os valores que eu achava que elas tinham. Ninguém tem convicções sólidas, o relativismo de fato, ocupou a mente de quase todos.

Duas pessoas me procuraram para dizer que estavam deixando a suas “igrejas”, porque estavam com situações irregulares na vida conjugal, mas esse não foi só “o” problema. O que me deixou triste e perplexo é como acharam tão fácil renegar a fé, e a igreja, sem nenhum senso de perda.

Tudo é como se os vínculos espirituais não fossem mais nada.

Acabei de ouvir um amigo meu, veterano no evangelho dizer que está gostando muito de um pastor Adventista, que prega muito bem na TV! Fiquei curioso, porque sei que o tal pastor só prega heresias (ora bolas, o pastor é adventista...), e ele, veterano crente no seio evangélico, nem sabe mais discernir o que é certo ou errado, e o que aprendeu anos a fio, ou será que não tinha aprendido nada?

Acabei de receber um vídeo pela Internet de uma pessoa evangélica próxima: Adorou o vídeo... Mas ela não se deu conta e que o vídeo é uma pura mensagem das Testemunhas de Jeová! Não teve ou tem nenhum pouco de senso bíblico crítico.

Levei outro susto quando fui conversar com uma determinada pessoa que me disse que ia mudar de igreja, porque estava querendo variar um pouco, apenas por isso. Perguntei-lhe: Mas sua igreja está com algum problema?
Ela me disse friamente: Não, não há problemas, mas o pastor de lá me chamou para conhecer um pouco a igreja dele, e vou ver se é legal... Isso me assusta. Mudar de igreja para ver se lá é legal!

Muda-se de igreja hoje como se escolhe uma blusa, uma muda de roupa, que pode ser melhor que a usada no dia seguinte, ou uma nova lanchonete na área a ser experimentada. Onde estão as Raízes?

Em terceiro lugar, tenho visto uma profunda desvalorização do caráter, onde não escapa nem os líderes, que perderam os escrúpulos e não estão nem aí para a ética, para o “agir” bem, para o compromisso com a seriedade, aliás, acho até que alguns esqueceram o que significa essa palavra... Traem, enganam, falam mal, criam situações embaraçosas, dissimulam, fazem qualquer negócio para conquistar ou ganhar algum prestigio em troca de uma idéia nebulosa de se perpetuarem no comando ou num poder tão firme como a areia da praia e tão sólido como a neblina que se esvai com o calor do sol. Quanta tolice!

Acho que alguns deveriam refazer a matéria chamada ÉTICA nos seminários onde aprenderam a teologia... Bobagem, teologia sem ética é mais perigosa ainda...Mata!

Em quarto lugar, muitos que ainda mantinham escondidos os seus problemas e a sua pequenez, além de perderem o caráter estão também perdendo a honra. Não estão nem aí para o que os outros vão pensar do julgamento moral de seus atos, de sua postura e imagem pública. Estão olhando apenas para o seu interesse imediato, para o seu pequeno mundo de valores tão baixo.

Em quinto lugar, não consigo acreditar no que se faz em nome da fé...

Embora a história fale do que já se derramou de sangue em nome da “fé” e do “cristianismo” já era para desconfiar que não existem limites quando se quer usar a religião ou a “fé”, para fins espúrios, que vai de uma mentira banal a todo o tipo de má fé usada para que se logre êxito em qualquer coisa, nem que se negocie importantes valores espirituais, por interesses tão passageiros e ilusórios. Não há mais nada que não se negocie ou jogue fora, depois que se acabam os valores mais básicos de quem crê – a sua fé!

Pois é, está tudo mudado, não há de se apostar mais em nada, porque quando se perdem os valores, perde-se tudo, pois quando se vai a essência, o que fica é fumaça.

Mas eu ainda penso que vale a pena acreditar, ser honrado e honrar a fé, a despeito de tudo isso, afinal, Jesus já havia dito: Quando o Filho do homem voltar achará fé na terra? (LC 18:8). Cada dia fica mais difícil admitir que essa pergunta incomoda muito diante do que vemos e ouvimos.

Pense nisso.




Como amo essas mulheres!


COMO AMO ESSAS MULHERES!
Pastor Neucir Valentim
Existia um homem muito próximo a mim, éramos muito ligados! Vivíamos juntos! Não sei como, mas disputávamos, milímetro a milímetro, o mesmo lugar... Na barriga da minha mãe, compartilhando o mesmo ventre comigo, na mesma ocasião, no tempo e no espaço o tempo todo. Deve ter sido uma briga boa. Confesso que não me lembro. De verdade! Explico. Eu era gêmeo bi-vitelino, mas creio que não deu para nós dois disputarmos o mesmo ambiente, o mesmo carinho, o mesmo afeto. Era ele ou eu! E ele, então certo dia, sem falar com ninguém, resolveu sair “de casa antes”. Minha mãe pensou que tivesse perdido o seu bebê, mas era o outro que tinha vindo, que saíra antes do tempo. Não sobreviveu... Mas, para surpresa dela, e do médico, eu ainda estava lá, agora sozinho... Reinando sem nenhum concorrente por perto. Meses depois nasci para viver entre as mulheres.
Amo as mulheres, no sentido mais puro da frase.
Fui criado com mulheres. Minha mãe e três irmãs. O contato que tinha com meu pai era mais esporádico, pois ele trabalhava, saia cedo de casa, etc. Meu pai sempre foi gente boa, mas gostava de futebol, de campeonatos, e confesso que como não sou nenhum Ronaldinho, acabei não acompanhado tanto as suas atividades esportivas...
Já com minha mãe e minhas irmãs, eu era mais próximo. Dormia no mesmo quarto com minhas irmãs, não brincava “de” bonecas, mas “com” bonecas. Queria saber o que elas tinham dentro do corpo... Abria uma ou outra de vez em quando, fazia pesquisa. “Matava” as suas bonecas. Eu sei que isso é feio, mas a minha natureza era, como a dos homens, predatória.
Aceitei a Jesus muito cedo, e me tornei um “rato-de-igreja” e estava em todas as reuniões. Como na maioria das igrejas, a União Feminina é mais forte, lá estava eu, de novo, entre as mulheres... Não perdia uma reunião feminina... Conhecia o seu “moto” sua música e suas manias... Queria estar na igreja! Como naquele tempo não era comum ser crente. Havia poucos adolescentes na igreja, então acabei mesmo, ficando junto às mulheres de Deus. Com o tempo, é óbvio, as coisas mudaram, quando chegaram então os adolescentes, os jovens, etc. Me enturmei com a minha categoria.
Cedo me casei. Encontrei outra mulher, agora a minha esposa, e logo depois, chegava em minha vida outra mulher, a minha filha mais velha... Que felicidade! Na segunda gravidez de minha esposa, na ultra-sonografia a médica falou: “O papai vai ter mais uma menininha!” Um pouco encabulada. Mas para mim, quanta felicidade. Agora estava eu, de novo, cercado de mulheres.
Sempre entendi que Deus é sábio, e quando ele disse que não era bom que o homem estivesse só, e que far-lhe-ía uma adjutora - A mulher. Acertou em cheio – Aliás, Deus sempre acerta, nós é que erramos.
A mulher preenche as necessidades do homem. Deus fez assim – Homem e mulher, e não mais que isso! Fora disso não presta, e fez para o nosso bem, digo, o bem dos homens. Por isso Adão, o primeiro homem falou: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada”.Gn 2:23.
Deus ama as mulheres, de forma especial. Foi por um ventre materno que ele entrou na História do homem. Foi através das mulheres que Jesus teve a sustentação do seu ministério: “Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.” Lc 8:3.
Foram as mulheres as primeiras testemunhas da ressurreição. Tudo bem, nenhum dos homens acreditou nelas, e Pedro teve que conferir, mas foram elas que souberam da boa notícia primeiro!
Hoje digo para os homens que são pais: o que seria de nós se não fossem as mamães. Somos tão atolados!
Mas elas são fortes! Não sentimos os enjôos da gravidez, não ficamos com varizes, não temos o nosso corpo deformado, não temos que sentir aquelas fortes dores do parto. Não temos que amamentar ninguém...
Fico imaginado os homens, tão moles e tão sensíveis como são, sobreviveriam as dores do parto, alguns que sequer agüentam uma dor de cabeça...
Bem, são as mulheres que embalam os homens no mundo. Cantam as primeiras canções, dão as primeiras lições, etc. Se existe até um dia dos pais, foi porque antes, houve um dia das mães, e uma mãe que cuidou com carinho desse pai...Que agora pode ser homenageado. Mas cá entre nós, as mulheres são as mulheres, Deus nos fez muito bem.
A minha filha acaba de ler este artigo, e com a peculiaridade da sensibilidade feminina me perguntou: “Pai, os homens não vão ficar chateados por um artigo que não fale sobre eles?” Então tive que lhe explicar uma coisa sobre os homens que, certamente ela não conheça: Nós homens não somos tão sensíveis nessa área não. Para nós as palavras não têm o mesmo significado que as mulheres (e eu conheço de mulheres, lembram?) Para nós homens, palavras deste gênero não são tão importantes assim.... Nós homens somos meio frios, mecânicos, às vezes insensíveis e durões demais para isso, mas já as mulheres... Bem elas pensam bem diferente da gente. Ainda bem!
Como amo essas mulheres.