quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não apenas um sonho de criança

NÃO APENAS UM SONHO DE CRIANÇA

Pastor Neucir Valentim



“E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. Ali não haverá jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão, e verão a sua face; ali não haverá mais noite, e não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos.” Ap 22 ss

Para mim a morte sempre tem aquela cara feia e ameaçadora que nos lembra sempre o quão frágeis somos, e de que um dia voltaremos ao pó, sujeitos às suas garras, como nos diz a sentença de Deus proferida lá no Éden:

- Tu és pós e as pó voltarás!


Quando, porém, leio o texto bíblico de Apocalipse cap. 22, que fecha com chave de ouro as revelações de João na ilha de Pátmos, alguma coisa acontece dentro de mim que me faz ver a morte com outros olhos, os olhos da fé, que me levam a sonhar com a vida futura, prometida pelo Senhor, e que não mais nos levará as lágrimas, pois o Senhor as enxugará de nossos olhos.

Duas coisas neste texto me saltam aos olhos:
Em primeiro lugar é que não haverá mais maldição. Sim, para nós que vivemos num mundo de maldições, esta é uma realidade difícil de compreender, isto porque nascemos sob maldições: da morte, do trabalho com suor, do parto com dores, da terra que produziria cardos e abrolhos, a maldição das perdas, das dores, e dos sofrimentos, etc. Como já disse, com bastante razão o filósofo mais renomeado de nosso século, Jean Paul Sartre que, na sua completa ausência de Deus, revela uma profunda verdade existencial: Viver é sofrer!

Sim, viver neste mundo é sofrer quando não se tem a visão de algo maior, de alguma coisa transcendente, de uma realidade que seja maior do que esta vida medíocre.

A segunda coisa que me chama atenção neste texto é a presença visível, perceptível e acolhedora do cordeiro de Deus e do próprio Deus. Que coisa magnífica estar junto de Deus, da sua bondade, do seu amor, do seu carinho e da sua misericórdia, e tendo o cordeiro como o nosso eterno Sumo Pastor, que nos levará as águas cristalinas.

Lembro-me que um dia, ainda criança, sonhei que estava no céu. Hoje percebo como o céu do meu sonho se parecia com o céu de João. Chorei quando acordei porque não queria deixar aquele lugar maravilhoso.

Hoje, com o tempo já passado, lembro-me daquele sonho e, para minha alegria sei, pela fé que não era apenas um sonho de criança, mas a visão ainda que infantil daquilo que nos está prometido pelo Senhor todo poderoso, e mais, que um dia meu sonho de criança, há de se tornar um fato eterno na minha vida.

Por isso anseio o céu.

A inveja mata?

A INVEJA MATA?
Pastor Neucir Valentim
Disse Deus a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”


Costumo definir inveja como a sensação de mal estar ante a um bem alheio...

Não é o desejo de ter o que o outro tem, mas de mal estar pelo que o outro tem, representa ou é.

Certa pessoa me contou que sofria desse problema, chegou ao ponto em que tinha um livro raro, e que daria de presente... Mostrou ao “invejoso” sem maldades. Ele não se importou com o conteúdo do livro, mas ficou querendo ter um igual, mesmo sem entender bem do que se tratava.

A situação foi tão constrangedora que a pessoa teve que ir, debaixo de muita insistência num sebo (onde se vende livros usados) para achar algo parecido para ele. Ainda que inferior, não original e sem o valor daquele livro, mas meio parecido... Para aplacar o desejo infantil, mas perigoso do “invejoso”.

Contou-me ainda que a pessoa vivia observando os seus passos, copiando seus atos, imitando até seus pensamentos, sugando suas idéias, falas e quiçá, seus ditados. Disse-me a pessoa cuja credibilidade é indiscutível e não sofre de nenhuma patologia psicótica.

“Não sossegava enquanto me via bem, criativa e com os resultados do que tinha, fazia ou era.”- Contou-me. Aliás, algo comprovado pelo que observei também.

“Ao mesmo tempo em que me admirava, me angustiava,”- sofria assim a vítima da pessoa invejosa que vivia como Caim, pois não estava satisfeita com o que tinha, mas com o que a outra tinha.

Falei para quem sofria de tal caso, que tenho medo da inveja, sim, não a mística que trás presságios, agouros ou coisa do gênero, que faz secar plantas, de olho grande ou coisa assim, não, isso não existe! Isso é crendice pagã!

Existem cercas espirituais contra o Diabo! Mas temo a inveja que se manifesta de forma operacional, como Caim que pegou um cutelo e matou o seu irmão Abel. Fez diretamente! Invejou, sentiu-se mal e matou. Pronto. Fatídico e mortal, mas real. (Gn 4:8); José também foi vítima da inveja, e acabou sendo vendido por seus irmãos (Gn 37:11) pelo mesmo motivo.

Pessoas são capazes de tudo por causa da inveja, pelo medo de não ser admirada ou sentir-se mal ante o bem alheio.

Ocorre que eu nunca tinha ouvido nada assim, tão concreto, objetivo e real, e nem acreditava em tal situação.

Psicologicamente falando, poderia dizer que o ser humano é portador da díade “Existir-Sobreviver”, daí ter um instinto de competição voraz e antropofágica, que é a competição terrível de idéias, sentimentos e prazeres. Tal competição o leva a níveis altos de tensão, que gera o distresse (estresse maligno), causador de moléstias graves de caráter psicossomático.

Tenho entendido que “A Inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas (...). Assiste com despeito aos sucessos dos homens e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício”.

Como Cristão entendo que a inveja é obra da carne, apontada por Paulo em Gálatas 5:19 a 21, e como todas elas, deve ser mortificada como os demais pecados ali listados.

Como simples mortal, tenho medo de gente assim, que é capaz de tudo por essa doença da alma. Talvez você tenha sido vítima de algo tão tangível e real e próximo ao mesmo tempo.

A pergunta que devemos fazer é: O que fazer diante de tal situação, visto que não podemos nos desprender de tais pessoas facilmente, em virtude da proximidade com que as encontramos?

Em primeiro lugar evite o juízo temerário. Cuidado, não julgue as pessoas porque visitaram, sua casa e no dia seguinte a sua planta morreu, secou ou o peixinho do aquário morreu isto é superstição do paganismo mais baixo!

Em segundo lugar, procure ver se o desejo da pessoa é por você, de forma altruísta, se gosta de você e por isso te admira tanto, ao ponto de confundir admiração com o desejo puro e simples de imitá-lo. Isso acontece sem maldades! Se você causa impressão em determinada pessoa, pode ter alguém que o copie mesmo.

Em terceiro lugar, procure entender se é uma pessoa carente e está tentando agradá-lo com os seus elogios, é mesmo um amigo que gosta sinceramente de você.

Por último, se constatar que a pessoa, tem um instinto de competição voraz e destruidor, que é a competição terrível de idéias, sentimentos e prazeres, e que tal competição o levará a níveis altos de tensão, que gera em você o estresse maligno, causador de moléstias que atingem não só sua mente e seu corpo. Tome tais atitudes:

- Ore para ver se você está julgando certo!

- Peça a Deus ajuda para compreender a pessoa e amá-la e curá-la dessa enfermidade da carne.

- Lembrando! Cuidado para não cair no paganismo. Olho grande, olho gordo, inveja não são poderes mágicos que entram na sua casa. Se você é filho de Deus, mal nenhum chegará a sua tenda, ainda que existissem dessa forma, é o que diz o salmo 91. E em números 23 a Bíblia diz que essas coisas não valem contra os servos do Senhor: “Contra Jacó, pois, não há encantamento, nem adivinhação contra Israel. Agora se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus têm feito!”

- Ore para Deus dar um basta nesse sentimento que é tão cruel que atinge aquele que o tem, o invejoso, mas que Deus te proteja. Entregue sua vida na mão do Senhor e descanse!

- Não seja tão próximo, não abra tanto as comportas do seu coração para gente assim, afinal, Jesus disse que deveríamos ser simples como as pombas, mas prudente como as serpentes. (Mt 10:16).

- Peça proteção a Deus contra atos que essa pessoa pode fazer para prejudicá-lo direta ou indiretamente.

Confie em Deus!