quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Confissão


CONFISSÃO
Pastor Neucir Valentim
“Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” Sl 32:3, 4 e 5.
Todos nós, em algum momento de nossa vida, já experimentamos a realidade do salmista, evidenciada nos versos acima, pois nos diz a Palavra de Deus que não há homem que não peque (I Reis 8:46).

E o pecado se manifesta em nossas vidas de muitas e variadas maneiras, desde a nossa meninice. Existem alguns vocábulos bíblicos no grego que revelam suas várias faces, vejamos: Amartia, quando erramos o alvo de Deus para nossas vidas, Anomia, desregramento, desvio da verdade conhecida, quando desrespeitamos as regras da retidão moral. Asebeia, a impiedade que existe em nosso coração, que consiste na oposição a Deus e sua vontade, em uma autêntica rebelião da alma. Parabasis, motivação contra princípios piedosos reconhecidos. Paraptoma, isto é, passo em falso, cair de um lado para o outro. Enfim, existe muita linguagem técnica para descrever aquilo que fazemos por ato, estado, comissão ou omissão.
Mas uma coisa é certa. Por mais que não conheçamos todos os vocábulos que definem pecado, todos sabemos praticá-los, e não é preciso que ninguém nos ensine. Ocorre que quando cometemos pecado, transgredimos, ou pisamos em falso, algo acontece na nossa alma, ela fica enferma, e se não for rapidamente tratada através do perdão, esta enfermidade atinge a níveis inimagináveis. O salmista diz-nos que o pecado não confessado afetou seu corpo, seus ossos, sua mente, seu humor, de tal modo que se viu de mal com a vida: Por isso encontramos em Lamentações 3:39 a pergunta do profeta: Por que pois se queixa o homem vivente? Queixa-se cada um dos seu próprios pecado.”
Isso mesmo, o pecado nos deixa queixosos com tudo, insatisfeitos conosco mesmo, com os outros e até com Deus. O salmista percebeu que secou-se diante da vida, perdeu a alegria de viver. Meu irmão, não deixe o pecado instalar-se em seu coração.
Confesse-o, não o encubra, pois Deus está pronto a perdoar o seu pecado e a sua culpa. Lembre-se de I Jo 1:9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”
Faça isso!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A incredulidade dos irmãos de Jesus


A INCREDULIDADE DOS IRMÃOS DE JESUS!
Pastor Neucir Valentim



Pois nem seus irmãos criam nele. (João 7:5)

Eu e você sempre pensamos que a família de Jesus fosse uma família modelo de fé, não é verdade?

Afinal eles tinham com eles o Deus encarnado em pessoa. Aquele que veio ao mundo de forma sobrenatural e tão singular para atrair todos a si. Todavia quando lemos o capítulo sete do evangelho de João, nos surpreendemos com a incredulidade dos irmãos de Jesus.

Certamente os irmãos de Jesus foram criados ouvindo de Maria os feitos sobrenaturais do nascimento de Jesus, entre eles o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, a manifestação do anjo Gabriel, os sonhos de José, marido de Maria e pai deles. A estrela que guiara os Magos até a estrebaria, os pastores que viram milícias de anjos anunciando o nascimento de Jesus, o ódio de Herodes para matar o “menino rei dos Judeus” os relatos de Simeão no Templo de Jerusalém e da profetiza Ana. A gravidez de Isabel, com João Batista no ventre, este primo de Jesus, a mudez de Zacarias pai de João Batista e parente próximo deles ao ver o anjo dizer que sua esposa Isabel que, era estéril, estava grávida e lhe dá o nome da criança, e o fato de ainda no ventre, Isabel grávida perceber que João Batista sentia a chegada de Jesus ainda quando ambos estavam no ventre das duas.

Enfim, muitas histórias descritas nos Evangelhos e outras tantas que nem conhecemos, mas certamente foram presenciadas e conhecidas mais minuciosamente pela mãe de Jesus e de José e seus familiares próximos.

A pergunta que naturalmente fazemos é: Como eles não acreditaram nem no pai nem na mãe de Jesus nem em sua família sobre efeitos tão sobrenaturais, que hoje cremos, simplesmente ao lermos? Porque duvidar do que os discípulos de pronto acreditaram? Veja que em João 7:3 os irmãos de Jesus debocham dele e ironizam os seus discípulos: “Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.”

Observe que somado a história miraculosa da vida de Jesus, que certamente ouviram dele e dos seus pais, eles também sabiam que Jesus operava milagres, leia o que está escrito em João 7:4 “Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.” Observe o que eles estão dizendo: Olha você aqui em Nazaré, mas vai lá para capital do país e do poder político, do governador, do Sinédrio, diante do poder romano para que para que todo mundo veja, vá para a Judéia!

Convém Lembrar que Jesus já operara muitos milagres por esse tempo, iniciado em Caná da Galiléia, na cura de diversas pessoas e paralíticos e de muitos sinais e prodigios realizados.

Estamos, portanto, vendo um caso típico de incredulidade.
Em primeiro lugar a incredulidade é um estado de espírito que empana os sentidos mais básicos do ser humano como a visão, audição, tato, paladar, olfato, etc., Ela obtura tudo, por mais que alguém veja, sinta, prove, cheire o poder de Deus, nada as fará crer ou mudar a percepção incrédula.

Não adianta perceber que o gosto da água se transformou em sabor de vinho puríssimo, e de grande qualidade, que essa transformação ocorreu por vontade divina, que os olhos viram um aleijado de 38 anos, andando carregando o seu próprio leito de enfermidade, completamente são. Não adiantava ouvirem que todo o povo de Israel, desde a Galiléia até regiões mais humildes se curvavam perante ele, ou mesmo sentirem o cheiro de um defunto prutrefado transformando-se e produzindo algo como o cheiro de bebê de banho tomado, que nada absolutamente muda para um coração endurecido pela incredulidade.

Em segundo lugar a incredulidade além de inutilizar os nossos sentidos para “o agir” de Deus, impede a ação de feitos miraculosos na vida de quem está próximo, isto é, a incredulidade é contagiosa, perigosa e destruidora da fé, que promove os atos poderosos de Deus na execução dos milagres em nossas vidas.

Quando Jesus estava com os seus parentes em Nazaré, não pode fazer muitos milagres, a não ser uns poucos em quem ele tem que colocar a mão (coisa que Jesus faz apenas ali) por causa da incredulidade deles. “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” Mt 13:58.

A incredulidade produz um deboche irônico, uma soberba existencial que desdenha dos atos de Deus e seus milagres. Foi isso em síntese o que os irmãos de Jesus fizeram, debocharam, escarneceram, ironizaram com altivez dele... Se quiseres ser conhecido, vai lá para a Judéia... Lá tem gente importante... Imagino as risadas e o sarcasmo.
Em terceiro lugar incredulidade nos aparta de Deus! Que coisa horrível deve ser andar e viver longe de Deus. Olha o que diz o autor aos Hebreus: “Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo.” Hb 3:12

Em quarto lugar a incredulidade nos põe em guerra contra Deus, como diz o autor de Hebreus: “Por isto me indignei contra essa geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram a conhecer os meus caminhos. Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo. Hb 3:10 a 12.

Por último, a incredulidade pode ser produto do pecado, forjado e desenvolvido no coração humano quer pelo ciúme, pelo ódio, pela inveja ou competições; observe que estamos falando do que pode ter acontecido no coração dos irmãos de Jesus para que a incredulidade se instalasse. Em Hebreus vemos que o pecado pode gerar incredulidade: “antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.” Hb 3:13.
Portanto meus queridos, se os irmãos de Jesus que viram, sentiram, tocaram, ouviram detalhes de sua história do que nós nunca vimos, viram os milagres e foram vítimas da incredulidade, tenhamos cuidado, porque isso pode acontecer no coração dos mais desavisados. E o risco da incredulidade é mortal. Fujamos dela, pois com ela jamais, repito, jamais poderemos ver a glória de Deus.

Creia que Deus pode usar aquele que você talvez menos acredite (pai, mãe, filho, esposo, esposa, conhecido próximo), porque Jesus era íntimo deles, mas essa intimidade se tornou em completa incapacidade de intimidade com o poder de Deus.
Não permita que a incredulidade tome conta do seu coração, antes nutra-o com a fé, pois , como dia a Bíblia (Mc 9:27) tudo é possível ao que crê!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eleições 2010


ELEIÇÕES 2010
Pastor Neucir Valentim
Eleições sempre produzem em muitos o aumento de adrenalina nos debates pessoais entre pessoas que gostam e desejam votar em determinados candidatos, e daí surgem ironias, agressões verbais e até inimizades.
Na igreja não é diferente, geralmente um irmão que deseja votar em determinado candidato ou leva ou dá uma resposta mais contundente ou até dura, para defender o seu pretendente, sobretudo os cargos majoritários como presidentes e governadores. Portanto, aos mais afoitos, gostaria de lembrar como o nosso país tem a tendência de votar mais em pessoas do que projetos partidários. Deixamos aqui umas dicas do que podemos entender nas eleições brasileiras para não nos estressarmos à toa.
Em primeiro lugar o voto no Brasil não é ideológico, e como dito acima, a maioria das pessoas vota, pela simpatia que determinado candidato tem ou como se fala em jargão político, no carisma pessoal do candidato.
Em segundo lugar, os candidatos no Brasil não têm compromissos éticos com o passado, sobretudo no campo das alianças partidárias ou pessoais: Não é raro ver um candidato que era inimigo, um do outro, por quem às vezes brigamos com nosso irmão, anos depois estarem juntos e nós separados pela discussão tola em torno deles.
A política brasileira chega ser folclórica nesse aspecto quando olhamos quem apóia quem. Por exemplo, vemos que o Collor em seu jingle diz que apóia Lula que apóia Dilma! Lembra-se de Collor? Sim, o mesmo que deixou muita gente irritada por ele dizer que o Lula não tinha condição de governar o Brasil porque era analfabeto e não sabia distinguir uma fatura de uma nota fiscal. Sim o Collor que disse que se o Lula fosse eleito cassaria a poupança do povo? E depois ele quem cassou? Estão juntos agora, unha e carne, juntos com a Dilma do PT!
Mas pense um pouquinho... Quem denunciou o mensalão (esquema de propina no Congresso Nacional) por ter sido o repassador e ter embolsado mais de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões!)? Faça uma retrospectiva histórica e lembrará que começou com... Roberto Jeferson do PTB, que nessas eleições dá apoio incondicional ao PSDB do Serra e está na organização da campanha do candidato do PSDB... em aliança eleitoral dando o tempo do PTB na TV, aliás, esse mesmo político, hoje cassado, já tinha sido da tropa do Collor contra o Impeachment. Mas não tinha sido o partido de Serra, que pedira as CPIs para descobrir o sistema de corrupção no Congresso!?!
Ufa! Mas tem a Marina Silva, boa moça boa crente, mas está no partido que é conhecido pelas suas bandeiras estatutárias levadas ao extremo como o apoio a liberação da maconha, liberação do aborto, do casamento gay e do evolucionismo! Como essa moça deve passar constrangimentos sabendo que os principais líderes que comporiam seu governo seriam necessariamente os que a elegem e defendem com unhas e dentes tudo contra o que ela crê? Mas convenhamos, ela não é tão ingênua assim.
Há também os que falam que se eleito tal candidato vai aprovar este ou aquele projeto de lei que vai acabar com a crença religiosa, prejudicar os cristãos, etc.,
Lembre-se que há muito terrorismo eleitoral nessa época. Em 2002 a Regina Duarte foi para a televisão dizendo que tinha medo do Lula, porque ia quebrar o país... Bem parece que ele não quebrou o país não...
Por outro lado, na última eleição o PT disse que o Alckmin ia acabar com a bolsa família, o que dizem que o Serra também há de fazer e o mesmo nega veementemente e diz que vai até aumentar...
Outra história boba é a discussão de que este governo ou aquele foi mais corrupto, ora bolas, desde as capitanias hereditárias que roubam no Brasil, então vamos fazer o seguinte: Ninguém deve ser eleito, ok? Não! Vamos votar no menos corrupto... Talvez, até que surja uma nova denúncia contra quem votamos. Outra questão é o tão falado programa de governo. Alguém governa no Brasil com programa de governo? O Lula não ia pagar o FMI, (ia dar calote). Hoje o FMI pede dinheiro emprestado ao Brasil. Os banqueiros e os empresários iriam sair do Brasil se o Lula fosse eleito, (foi o que disse na época o Mario Amato presidente da FIESP) e hoje, estes setores ganharam muito mais do que no governo que dizia os proteger.
Os programas de partido só valem na época de campanha, fora isso, é puro marketing.
Promessas mentirosas? Todos! O Serra quando foi candidato a prefeito de São Paulo prometeu que se fosse eleito não sairia no meio do mandato para ser candidato a governador... Dois anos depois era candidato a governador, na maior cara de pau, mas não ficou nisso, nos debates para governador de São Paulo, quando perguntado se ia renunciar de novo para ser candidato a presidência, ele disse no debate: Se fosse eleito governador prometia que se renunciasse novamente não votassem mais nele. Não duraram dois anos, ele renunciou para ser candidato a presidência. Tem todo o direito de ser, mas contou com a tradição brasileira de política não falar a verdade!
A Marina Silva é dura com a proposta de governo do PT, mas ela e a Heloisa Elena e o Plínio Arruda (que também é candidato a presidente), saiu do PT porque o mesmo não estava sendo coerente com o plano de governo que eles aprovaram e votaram e agora eles discordam!?!
É coisa de doido...
Se fôssemos colocar aqui todas as contradições e mentiras não sobraria ninguém. Então vamos fazer o seguinte: Cada um escolhe bem o seu candidato, de acordo com a sua consciência, e não tente convencer o outro que o seu candidato é pior, ou melhor, a rigor, na política brasileira, é tudo farinha do mesmo saco.
Sou pessimista? Não de maneira nenhuma! Creio que o processo democrático está sendo aperfeiçoado no Brasil, nunca no país em toda a sua história tivemos seis eleições presidenciais seguidas! Somos um país que está aprendendo a democracia, e isso tudo é um aprendizado... Agora já temos "o ficha limpa..." Opa, derrapei, vão dizer que estou dando apoio ao índio (vice do Serra) porque foi o relator do tal projeto, sim o mesmo que foi obrigado pelo TSE colocar no ar no site do PSDB que o que disse do PT e a ligação com as Farcs era uma calúnia dele, uma mentira... Na verdade, eleição no Brasil ainda é coisa de índio, mas estamos melhorando muito.
Para finalizar: Qual país tem um processo eleitoral cuja urna permite transparência e os votos de mais de 130 milhões de brasileiros são contabilizados em um dia e meio? Temos já algumas lições a dar aos nossos irmãos americanos sobre isso, pois até hoje não contaram as cédulas para eleição do Bush... e olha que já elegeram Obama... uau! Viva o Brasil!
Hoje temos CPIs sobre tudo! As leis estão começando a cassar políticos! Está melhorando muito! Já tivemos governador preso e mais de um cassado!
Por isso, cuidado com o partidarismo, isso é obra da carne e faz mal a igreja de Cristo. Lembre entre as obras da carne está o partidarismo, ou melhor, as inimizades promovidas por esse tipo de pecado.
Que Deus nos dê discernimento e oremos pelo país, que tenhamos os melhores governantes.

Pastor Neucir Valentim

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O culto e a pós-modernidade

O CULTO E A PÓS-MODERNIDADE
Pastor Neucir Valentim

Antigamente, tínhamos um número enorme de grupos na igreja e a juventude participava efetivamente dos trabalhos da igreja. Funcionavam as Confederações, as Federações e as Uniões de acordo com as suas respectivas faixas etárias.

De um tempo para cá, todos nós, e não digo levianamente de forma generalizada, porque acho que a generalização é perigosa, mas baseado nas conversas com pastores e líderes dos mais diversos agrupamentos que funcionavam assim, e de fato é: Algo mudou, e as coisas não são mais como antigamente. Não podemos negar uma verdade tão clara, ao mesmo tempo não adianta forçar algo que não está funcionando, porque buscamos com isso, colocar a culpa dessa natureza interna da igreja sem olhar o pano de fundo que nos envolve, aí culpamos alguém pela situação, primeiro o pastor,depois os jovens, depois os adolescentes, depois não temos mais desculpas para dar e voltamos à velha ladainha: não é mais como antigamente!

De fato não é mesmo. Dias desses um pastor veterano cuja igreja era poderosa em cantatas e em atividades de deixar os outro babando me disse: - Pois é as coisas mudaram na minha igreja, já não fazemos aquilo que outrora éramos bons, está todo mundo com compromissos, e já não existe aquela igreja ardorosa de outrora. Ele se sentia culpado, mas depois refletiu melhor e está entendendo o processo. Colocar a culpa na pós-modernidade parece que cai como uma "desculpa" para os mais antigos, pois não compreendem que ela mudou todos os relacionamentos.

Alguns insistem em não ver que ela mudou e que essa transformação alcançou a igreja, só os que não a conhecem bem, não entendem o poder do impacto em nossas relações.

Primeiro temos uma igreja hoje mais secularizada: Os jovens que viviam na igreja, geralmente tinham uma meta, terminarem o primeiro ou o segundo grau, arrumar um trabalho e viver com a família em sua igreja.

Só nesse quesito muitas coisas aconteceram. Hoje, ter uma faculdade já não significa muita coisa, e as pessoas "ralam" para conseguir um lugar ao sol, mais notadamente a maioria de nossos jovens e adolescentes estão "correndo atrás dos estudos" porque o mercado de trabalho não perdoa.

Os adolescentes estão em pré-vestibulares exaustivos ou em cursos de preparação, os que estão na graduação não tem tempo para nada, e quando terminam, precisam de uma pós-graduação e um mestrado. Faça uma enquete na igreja e veja quantos estão estudando alguma coisa para arrumar algum lugar ao sol, e você ficará espantado como está todo mundo exausto querendo uma qualificação melhor, e isso tem começado bem mais cedo do que imaginamos. Em segundo lugar a cultura da informação instantânea e de entretenimento é extremamente cativante e desigual para com as igrejas.

O Brasil é tido como o país onde o "internauta" passa a maior parte do tempo em frente ao computador, chegando a alguns casos há 13 horas por dia, a televisão como canal fechado (vários canais de entretenimento) também tem sido uma fonte de busca e de passatempo agora, disponível a uma parcela maior da população, nem quero entrar no mérito do YouTube que já concorre com a TV comum.

A TV aberta está cultivando novos ídolos do Brasil: O futebol, a novela e os realities Shows, a coisa é tão absurda que se consegue mais votos nesses programas "ao vivo" para os seus concorrentes, do que para Presidente da República! Ora bolas, se um jogador do Big Brother consegue mais de 60.000.000 (sessenta milhões de votos) é porque a audiência pega o nosso povo também, ou somos ingênuos em achar que os crentes não assistem a esses programas?

A Novela que antigamente era coisa de donas-de-casa, agora dominou completamente o mercado dos homens. Boa parte da população discute assuntos de novela como se fossem coisas reais, verdadeiras e do cotidiano, sendo até manchete de jornal! Sem pensar na destruição dos valores morais que elas trazem.

Quem não assiste novela fica como se fosse um alienado diante de brincadeiras oriundas de alguns personagens de plantão. E como diz o nome, novela vem de novelo, que enrola quem nela se apega. Temos também o futebol que mobiliza o mundo todo, como nunca! É o assunto do dia, da noite e da manhã e do dia seguinte, quem não assiste vira um ET.

Para que você tenha noção (E não vai aí nenhum juízo de valor) ninguém ia para uma igreja com camisa de times, e hoje isso é mais do que normal. Até pastores fazem isso. Imagina isso antigamente! Tem o play station (e sabemos que boa parte da casa de nossos jovens e adolescentes tem), as músicas, o mp3, mp4,mp5, mp10 e por aí vai... Os celulares servem também para serem usados como telefone, porque eles têm tantas coisas que falar ao telefone ficou em último lugar na prioridade da escolha.

Além do fato de que o celular virou motivo de urgência, deixá-lo desligado ou não atender a um chamado é como se deixasse alguém morrer.

A decisão de abrir o mercado no domingo também pegou muita gente pelo pé. Trabalhava-se no domingo sim, mas não era como hoje, depois que a Confederação Nacional do Comércio tirou as barreiras que desestimulavam o trabalho dominical, tudo funciona aos domingos, desde um supermercado, até serviços não essenciais, mas que dão lucro ao dono do negócio.

Poderia falar que o nosso tempo foi roubado pela pós-modernidade e ninguém tem tempo nem para viver, e a igreja acaba ficando em segundo ou pior, último plano.

Quem sobrevive a isso? As opções têm sido igrejas que funcionam como Comunidades, onde as pessoas entram, cantam e saem depois de ouvir uma "boa" palavra. Esse é o modelo vigente de culto da pós-modernidade. Faço uma exceção das "mega igrejas" e dos "mega ministérios", que pagam músicos e outras atividades afins, e que podem manter orquestras, grandes corais coisas do gênero.


Confesso que estamos precisando olhar este assunto com carinho antes que nos culpemos por um estado que não é só nosso, mas do mundo evangélico como um todo que vitima principalmente as chamadas igrejas históricas. Posso falar com sinceridade que tenho saudade da minha igreja da juventude, onde mais de oitenta jovens estavam à disposição aos dias de semana, aos sábados e aos domingos, mas hoje, estão mais velhos como eu, lamentando que as coisas mudaram, mas sabem, por experiência própria que precisam ter seus filhos na faculdade ou compreendem o que é de fato a pós-modernidade. E que o tempo que tínhamos outrora, foi-se embora. Posso lembrar também do principio fast-food que se instalou em nosso meio evangélico da pós-modernidade.

Apenas em São Gonçalo existem mais de 6.000 novas denominações evangélicas, imagina no Estado do Rio de Janeiro ou Brasil? Isso cria essa nova dinâmica, onde a igreja local deixa de ser o referencial absoluto e passa ser marginalizada, porque é muito fácil achar uma igreja nova, próximo a casa para experimentar os seus novos modelos.

Sim, perdemos as raízes, pois a pós-modernidade não deixa espaço para isso, ela transforma tudo em cultura do virtual, das comunidades virtuais, das amizades virtuais, dos jogos virtuais e dos relacionamentos virtuais também.

Esses dias ouvi alguém dizendo que não ía a igreja dia de domingo, mas não deixava de assistir o culto da igreja de um outro Estado, pela internet!


O que falar dos tele-evangelistas cuja concorrência ou dos conferencistas é desleal com os pastores de "carne e osso"? Sim porque esses parecem que são tão midiáticos, que são intocáveis, não tem contato com ovelhas, e por isso, são ótimos, perfeitos e incomparáveis ao pastor local que "conhecemos" os seus defeitos, pois os da mídia, só aparecem bonitos e com boas palavras.

A pós-modernidade na verdade está causando um mal maior, o da falta de ligação afetiva, e o custo disso está aí, na família destroçada, na sociedade hedonista e na busca do prazer a qualquer preço.

Um dos grandes problemas da pós-modernidade foi o fim dos paradigmas, ou se era de direita ou de esquerda, pentecostal ou tradicional, isso ou aquilo, ela relativizou tudo e nada está certo, e a moral nisso, onde fica? A moral na pós-modernide está no limite do padrão de prazer que alguém pode ter. Em outras palavras, se confere prazer, porque não fazer? Esse é o limite moral.

Ouço uma ladainha de pastores que gemem porque não conseguem compreender mais o mundo em que vivem, em contrapartida, para alguns pastores "aventureiros", adoraram os novos tempos, porque no período anterior à pós-modernidade, eles seriam cobrados por algumas atitudes que têm ou pelo que realizam em nome do sagrado, com a maior cara de pau.

Afinal, todos querem ser senhores de si mesmos, e quanto a isso, nada melhor do que uma igreja que mergulha de cabeça aproveitando a falta de amor dos dias atuais. Encaro o atual momento com dois versículos que Jesus falou: " Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lc 18:8.

Sim, porque o atual momento promove tudo, menos a fé singela e genuína do passado.

O segundo versículo também, de natureza escatológica é mencionado também em Lucas "Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.", Lc 21:34. Jesus está falando desse tipo de embriaguês espiritual, afinal, ele fala para crentes.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Igreja e a política

IGREJA E A POLÍTICA
Pastor Neucir Valentim


Particularmente gosto de política.
Leio bastante sobre o assunto e não raramente procuro votar consciente quando o dever democrático me chama para o exercício do sufrágio universal e secreto.
Acho que a igreja, enquanto instituição, assim deve proceder também.
Procurando votar no melhor. No que está comprometido com a ética, com caminhos compatíveis com a fé cristã, e sobretudo comprometidos com a honradez.
Dentro desse contexto é importante frisar que todos nós temos as nossas preferências, inclinações ideológicas e simpatias políticas.
Por isso a igreja, em momentos eleitorais, deve caminhar no princípio da pluralidade, onde cada qual tem a liberdade para exercer sua decisão política sem patrulhamento.
Durante anos a nossa participação política era rotulada em dois níveis: ou se era de esquerda ou de direita e os que ficavam no centro, estavam em cima do muro.
Com isso, muitas vezes vivia-se verdadeiros conflitos internos entre o “reacionário e conservador contra o radical comunista, amigo de badernas” e vice-versa.
Era tão intenso este conflito que o irmão perdia a comunhão com o outro porque o outro estava doutro lado. E aí o rótulo se estabelecia: É de direita! É de esquerda! Etc.
Ora isto é uma grande ameaça a unidade cristã. Somos todos membros do Corpo de Cristo, a igreja, independente de nossas preferências político-eleitorais.
Quando entramos neste caminho certamente criamos em nós espaço para uma das obras da carne enumeradas por Paulo em Gálatas 5:19 e 20, que se chama paixão. A paixão é um sentimento exacerbado que nos faz ver o mundo por uma única ótica, que despreza a de outrem, é produto do homem carnal nascido no Éden.
Outra coisa importante.
A igreja deve votar bem, não obstante, o seu púlpito não deve servir de plataforma e palanque eleitoral para ninguém.
Como somos uma instituição plural, seria pecar contra a unidade e mais ainda, pecar contra o princípio maior da igreja: a evangelização e a proclamação dos oráculos do Senhor.
Para concluir deixo aqui a síntese deste artigo:
1) devemos ter convicções políticas e aprender a votar buscando a ética, a dignidade a honradez e a boa administração.
2) Devemos amar o nosso irmão, independente de suas convicções políticas, respeitando a todos neste universo plural que é a igreja.
3) Não devemos permitir que nossos púlpitos e nossos momentos devocionais e litúrgicos se transformem em horário político gratuito, em palanques eleitorais, uma vez que estamos comprometidos com Deus e sua Palavra.